Falar do vinho mais festivo do mundo é uma delícia.
É impossível falar de espumante sem que ele remeta aquela imagem do tradicional brinde.
O vinho senhor das borbulhas é também o patrono das conquistas, do sucesso, das celebrações e daqueles momentos especiais, afinal, ninguém bebe espumante quando está triste.
Mas afinal, o que é um espumante?
O termo espumante é utilizado apenas para descrever vinhos cuja efervescência seja resultado de uma fermentação alcoólica realizada em recipiente fechado e controlado.
Rara algumas exceções, a produção de um espumante é dividida em duas fases:
A primeira é a fermentação alcoólica, que converte o açúcar das uvas em álcool.
É nesta fase que ocorre a vinificação do vinho base, que transforma o mosto/sumo de uva em vinho tranquilo.
A segunda fermentação é responsável pela espumantização, onde acontece a transformação dos açucares em CO2.
Nesta fase, ocorre a famosa autólise, a decomposição das leveduras, responsável por intensificar os aromas, gerar cremosidade a espuma, e o principal, integrar a perlage (borbulhas) ao vinho.
Será nessa etapa que os métodos irão se diferenciar, veja:
Champenoise, Tradicional, Clássico ou Cap Classique:
A Segunda fermentação ocorre exclusivamente dentro da própria garrafa em um processo mais lento, promovendo maior complexidade, estrutura e cremosidade ao vinho espumante.
Charmat ou Tank:
A Segunda fermentação acontece em tanques de aço inoxidáveis hermeticamente fechados em um processo mecânico. Um método mais em conta e muito mais rápido, o que justifica sua maior acessibilidade. O processo feito de maneira inadequada pode prejudicar drasticamente a qualidade das perlages deste vinho espumante. Espumantes produzidos através desse método são mais frescos e leves, o ideal é aprecia-los ainda jovens.
Transferência ou Tranfer:
Esse processo é uma variação dos dois principais métodos de produção, já citados acima.
A Segunda fermentação, assim como no método champenoise também ocorre dentro da própria garrafa, porém após um determinado período de autólise (decomposição das leveduras), os vinhos são retirados das garrafas e transferidos diretamente para tanques de aço inoxidáveis. Daí em diante, tudo evolui isobaricamente como no método charmat. Sendo assim, esta é uma forma mais rápida e econômica de produzir espumantes de qualidade comparada ao método champenoise.
Contínuo ou Russo:
Esse processo é similar ao tank, quase um chamat curto.
É utilizado para produção de espumantes em larga escala, mais despretensiosos.
De maneira muito ágil, todo processo é feito isobaricamente em vários tanques de aço inoxidáveis de forma ininterrupta.
Ancestral ou Rurale:
Acredita-se que este é o método que acidentalmente originou o vinho espumante.
Este método consiste na menor intervenção possível do homem. Nele o mosto/sumo é engarrafado antes de sua total fermentação, gerada naturalmente por leveduras da própria fruta. Neste processo a temperatura deve ser totalmente controlada para que assim, a fermentação avance na garrafa e os açúcares sejam totalmente transformados em álcool, preservando também, o gás carbônico gerado nesta fermentação. Os sedimentos/borras deste processo permanecem na garrafa, o que pede maior cuidado ao servir o espumante.
Gaillacoise
Este processo é muito similar ao ancestral, porém é mais raro.
O que difere é a expulsão dos sedimentos e um novo arrolhamento da garrafa.
Este vinho espumante adocicado, frutado e de aroma muito delicado.
Asti, Dioise ou Martinotti:
Este processo consiste em uma única fermentação que ocorre em tanques de aço inoxidáveis. Neste processo, desde o inicio da fermentação, o gás carbônico gerado é aprisionado. Quando o volume alcoólico chega a 6% (podendo chegar até e 9%), a fermentação é interrompida, preservando assim, boa parte do açúcar natural da uva, além de uma gaseificação/efervescência menor, mais delicada ao espumante.
Exceto alguns métodos, no final da produção com o vinho fermentado e já espumoso, ele recebe uma mistura/solução chamada Licor de Expedição (Liqueur d’expedition), responsável pela graduação de açúcar do produto, desta forma, será enfim, definida a classificação do espumante, como:
Nature, Brut, Extra brut, Extra seco ou Extra dry, Seco, Demi sec ou Semi-Sec, Dulce, Doce ou Doux – do mais seco ao mais doce.
Desta forma podemos afirmar que um “champagne” não é mais caro simplesmente pela sua denominação e/ou região de origem, mas também, pela complexidade de seu método de produção que, exige comprometimento com alto padrão de qualidade (e com conselho regulador), que somente é possível, através de mão de obra qualificada. Além disso, seu longo tempo de amadurecimento na adega antes da distribuição e comercialização afeta diretamente o seu custo.
Repare, Cremant, Franciacorta, Cava, Sekt, Prosecco, Moscatel são todos espumantes, porém seus processos e denominações de origem interferem diretamente em seu preço final.
Em contrapartida os espumantes nacionais possuem custo-benefício incrível, pois nosso terroir favorece totalmente a elaboração de espumantes de qualidade, inclusive em diversos métodos de produção, como tradicional, tank, asti, entre outros.
As regiões de Pinto Bandeira, Vale do Vinhedos, Campanha Gaúcha, São Joaquim e Vale do São Francisco encontram-se os rótulos brasileiros de maior destaque, já são reconhecidos, respeitados e premiados nacional e internacionalmente.
Que tal tomar um espumante hoje?
7 Comments
Conteudo ótimo e artigo sensacional!!! Muitooo Obrigada!!!
Oi Jessica! Agradecemos pelo feedback. Abraços!
Amei as dicas Keith! Obrigada por compartilhar!
Oi Juliane! Eu que agradeço por ler nosso artigo. É ótimo receber um feedback, eles nos inspiram a produzir mais conteúdo para o blog. Abraços!
Ótimo conteúdo, aprendi muito.
Muito obrigada por compartilhar!
Oi Stefania! Agradeço pelo feedback. É ótimo começar o dia com um comentário assim. Na realidade é super motivador! Abraços
Caramba menina, que artigo excelente, muitas informações interessantes.
Parabéns pelo conteúdo de valor, pela ótima escrita e por compartilhar conosco. ; )